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  • Dra. Carmem

Tratamento de Canal em Dente de Leite (Endodontia)

Atualizado: 1 de out. de 2019


Recebo diariamente e-mails que dizem assim: “Dra., estou muito aflita, pois fui a um dentista e ele disse que meu filho precisará de tratamento de canal. O que eu faço?”


Leia todo o artigo com atenção, para que você se decida com mais tranquilidade sobre a importância desse tratamento!


Endodontia – Como salvar os dentes de leite com tratamento de canal?

As crianças podem perder os “dentes de leite”, e até mesmo os permanentes, quando a polpa, tecido vivo do interior do dente, torna-se infectada. Este é, frequentemente, o resultado da cárie, doença capaz de gerar sérios incômodos mesmo na infância.


Os “dentes de leite” são importantes guias para o desenvolvimento dos dentes permanentes que irão substituí-los. E danos que resultem na perda desses dentes em uma criança podem ser ainda mais graves, considerando que, nessa idade,o crescimento da maxila e mandíbula ainda não está completo. Se os “dentes de leite” caem prematuramente, isso pode facilmente resultar em problemas de oclusão (mordida).



Assista esse vídeo, que ilustra muito bem o que representa a perda precoce de um primeiro molar “de leite”.

[flv]https://www.clinicaamai.com.br/wp-content/uploads/2010/05/perda-precoce-do-primeiro-molar.flv[/flv]

Técnicas de substituição de dentes que foram perdidos, tais como próteses parciais, pontes e implantes, são recursos difíceis de utilizar em crianças, já que tudo nesta idade está em processo de rápida mudança. Espaçadores e aparelhos fixos ou removíveis são geralmente a melhor escolha nesses casos. No entanto, muitos não conseguem restaurar a função original e necessitam de monitoramento constante.

Por razões funcionais e estéticas, a endodontia, ou tratamento de canal, é preferível à perda do dente. O tratamento dos canais (endodontia) pode preservar os ossos da mandíbula e da maxila, a função da língua, além de evitar problemas de fala, erupção anormal do dente permanente e a perda de um dente que não tem sucessor (no caso do dente permanente).


Vale realmente a pena tratar dos canais de um dente de leite?



A grande dúvida dos pais é se é necessário ou se vale a pena tratar dos canais dos dentes de leite. Para responder a essa pergunta, você precisa de informações complementares, que estão nesses dois artigos a seguir.


O primeiro deles, descreve as características dos dentes de leite, suas anomalias e quando necessitam de extração: “Dentes de leite – formação, cuidados e prevenção de cáries“.


O segundo artigo, fala tudo sobre cárie em crianças: “Cárie em crianças“.



Se ainda não ficou clara a necessidade de tratamento dos dentes de leite, veja as fotos e leia esse emocionante relato de uma mãe: “Tratamento dos dentes de leite, o prazer de sorrir voltou para a Lauren“.


O que se segue é um guia para entender o que é um tratamento de canais em crianças e o que pode ser feito para salvar os “dentes de leite” até que estejam prontos para cair naturalmente. Você encontrará também alguns alertas  importantes sobre os dentes permanentes que nascem em torno dos 6 anos de idade, o primeiro molar permanente. Se ainda quiser saber mais sobre a dentição de leite, acesse esse artigo Dentes de leite – formação, cuidados e prevenção de cáries.


Características de “dentes de leite”  e  permanentes


Muitas são as diferenças entre os “dentes de leite” (decíduos) e os permanentes. A “vida“ dos primeiros é mais curta, apesar da semelhança entre sua estrutura e funcionamento. A decisão pelo tratamento dos canais dos dentes de leite, passa  pela análise do grau de reabsorção das raízes e pelas características dessa reabsorção. Abscessos muito prolongados em dentes de leite podem impossibilitar a permanência dos dentes na boca.


Por falta de conhecimento sobre a cronologia de erupção dos dentes, muitos dentes permanentes acabam cariados e sem condições de recuperação ainda  na infância. Por isso, você deve complementar seus conhecimentos com  a leitura sobre a “Atenção aos Primeiros Dentes Permanentes das Crianças“.

Para que você consiga saber o que precisa ser feito para manter os dentes de sua criança saudáveis, leia também o artigo “Mitos sobre os cuidados com os dentes de leite“.


Como descobrir o que de fato está acontecendo com o dente de seu filho?


Um odontopediatra deve fazer o exame clínico, que começa com o levantamento médico completo. Crianças com  doenças sistêmicas podem necessitar de tratamento diferente, implicações que o odontopediatra deve considerar no momento da decisão pelo tratamento mais adequado.

Dor dente em crianças



A dor em um dente de leite tem características particularmente relevantes para ajudar a determinar as condições em que a polpa encontra-se.  Na ausência de trauma, a dor é, na maioria das vezes, causada pela presença de cárie dentária.


A dor normalmente é acompanhada também por outro sintoma: inflamação na polpa. Mesmo assim, muitos problemas podem surgir sem nenhum aviso de dor.



Sorriso de uma criança (acima)  com abscesso (abaixo)  que não doía.



Outro fato a ser considerado, é que às vezes nem mesmo o adulto consegue definir a localização da dor de dente, quem dirá uma criança! Ela pode sentir uma dor difusa, um incômodo que não sabe definir. Algumas outras manifestações podem ser: mal humor, irritabilidade, falta de apetite, agressividade,  tristeza e isolamento.


É importante distinguir se a dor é espontânea ou se somente ocorre quando o local é estimulado. As dores que cessam após o tratamento da causa (restauração de dentes com resina fraturada ou acabamento proximal inadequado, por exemplo) são geralmente indicativo de inflamações menores.


A dor pode ser provocada por vários estímulos de diferentes categorias: térmico (quente e frio); químico, (provocado por alimentos doces, ácidos ou bebidas); irritação mecânica (morder, ou balançar o dente mole). Outras causas igualmente comuns incluem cáries profundas, restaurações defeituosas (obturações), dor ao redor de um “dente de leite” que está pronto para cair, ou em um dente permanente em erupção.


A dor espontânea é caracterizada por incômodo constante ou latejante que ocorre sem estimulação, permanecendo por longo tempo após a eliminação da causa. Dor de dente espontânea é geralmente associada à degeneração extensa dos tecidos da polpa estendendo-se para os canais.



Inchaço da gengiva, formação de abscessos e infecção que se espalha para além das raízes dos dentes e osso podem ocorrer paralelamente. Em casos avançados de infecção, em que o dente permanente pode estar em perigo, a remoção é muitas vezes necessária.


Quando a cárie atinge a polpa, trata-se de um estado mais avançado de degeneração que se estende até os canais. Quanto maior a penetração da inflamação, maior é a probabilidade de causar morte dos tecidos da polpa.


Dentes de leite com histórico de dor espontânea, geralmente são candidatos ao tratamento pela endodontia ou à extração.


Outro fator importante a considerar é a proximidade dos “dentes de leite infectados” em relação aos seus dentes sucessores. Veja essa relação de proximidade na radiografia panorâmica abaixo.



Nesse caso, o tratamento menos invasivo é sempre a melhor opção.


Crianças com dentes permanentes infectados podem exigir atenção especial devido a problemas associados com o desenvolvimento incompleto da raiz dentária. Endodontistas rotineiramente tratam casos assim e esse especialista deve sempre ser incluído como parte da equipe de tratamento.


Trauma em dentição de leite e necessidade de tratamento endodôntico




Aproximadamente metade dos “dentes de leite” traumatizados desenvolvem descoloração transitória ou permanente. Essas cores variam do amarelo ao cinza escuro e, geralmente, tornam-se evidentes de 1 a 3 semanas após o trauma. Dentes de leite com descoloração amarela apresentam sinais de calcificação da raiz, já os dentes decíduos com descoloração cinza-escuro estão com a polpa necrosada (morta) na maioria dos casos.


Endodontia em dentes de leite – Dói tratar os canais do dente de leite de meu filho?


 Criança dormindo durante limagem de condutos (limpeza) do canal

Criança dormindo durante limagem de condutos (limpeza) do canal


remoção de tecido cariado e abertura de condutos

Criança sonolenta após anestesia local, remoção de tecido cariado e abertura de condutos

O tratamento dos dentes de leite e permanentes é bastante seguro, apoiado por um grande histórico de pesquisas científicas que detalham as melhores técnicas e práticas clínicas. Como sempre, o tratamento é baseado na avaliação e diagnóstico.


Em crianças, a anestesia é a maior aliada nessa hora.


Todos os procedimentos devem seguir uma rigorosidade técnica e jamais o profissional poderá fazer qualquer intervenção até que a criança permita ou até que o dente doa.


Se isso ocorrer, a criança poderá perder a confiança no profissional para sempre.


Os pais não acreditam como seu filho poderá não sentir dor, e até adormecer durante os procedimentos de um tratamento de canais.



Apenas com anestesia local, sem sedação (leia mais sobre sedação no artigo  sobre  sedação para tratamento odontológico de crianças com cárie), até mesmo um bebê, desde que tratado de acordo com  o que ele precisa, pode adormecer na cadeira.


E muito mais do que isso, essa pode ser uma primeira feliz oportunidade de condicionamento da criança, que permanecerá com essa boa impressão de uma tratamento dentário pelo resto da vida.


Se você acha que o caso de seu filho é  impossível de ser solucionado, Conheça a Clínica Odontológica Infantil (clique), e descubra se existe caso impossível de tratar na odontopediatria, para saber o que você precisa para sair dessa situação.


Do que, afinal, consiste o tratamento de canais?


O tratamento de canais em dentes de leite se assemelha a um tratamento de endodontia tradicional: desinfecção, limpeza através do acesso aos canais e preenchimento dos mesmos com material  obturador. O material obturador no caso dos dentes decíduos   deve ser reabsorvível, para que o corpo consiga absorver as raízes normalmente, permitindo que o “dente de leite” seja substituído pelo seu sucessor permanente na hora certa.


Os casos em que a polpa está morta, envolvem a remoção completa de todos os tecidos da polpa infectada. Se uma criança tem dor de dente, principalmente acompanhada de inchaço  da gengiva ou bochecha, a inflamação deve ser controlada em primeiro lugar. Uma alternativa é fazer uma pequena abertura na superfície  do dente para drenar a infecção e possivelmente propor tratamento medicamentoso. Isto irá melhorar o cenário com o controle da infecção


Após a conclusão da endodontia, é feita uma restauração com  resina da mesma cor do dente.


Passo a passo: como resolver a questão do tratamento de canal do seu filho.


  1. Encontrar um endodontista ou odontopediatra com o qual sinta empatia e confiança.

  2. Obtenha informações completas sobre a situação, todas as características do tratamento, benefícios e alternativas.

  3. Fale com o profissional claramente sobre as características do temperamento de seu filho e como você consegue lidar com ele.

  4. Não pareça ansioso na frente da criança. Converse tudo com o profissional e com o pai ou mãe que não participou da conversa, mas sempre longe da criança.Se você  quem é a fonte de segurança da criança e está ansioso,com medo, com quem então ela poderá contar?

  5. Tratamento indolor envolve anestesia local. Não alivia apenas a dor, mas também permite que o dentista se concentre em executar o melhor trabalho possível.

  6. A endodontia bem sucedida será seguida por uma restauração apropriada que sele o dente para evitar deterioração.

  7. Visitas periódicas ao odontopediatra ou endodontista serão necessárias para o acompanhamento e monitoramento. Dessa forma,  o profissional poderá avaliar a eficácia do tratamento. Sem essa última etapa, poderão ocorrer problemas sobre os quais você não terá controle.

Importante: 

algumas sugestões do que dizer para a criança  antes de ir ao dentista você encontra no artigo “O que falar para as crianças antes da primeira visita ao dentista?“.


Veja a seguir  a entrevista concedida pela Dr. Carmem Silvia para o programa Vida Plena na Boa Vontade TV, sobre tratamento de canais em crianças.




Boa Sorte!

Dra. Carmem Silvia

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