Crianças com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) podem apresentar comportamentos diferentes, desafiadores e fora de controle, além de dificuldades específicas. O tratamento dentário dessas crianças representa um desafio, que de forma alguma é intransponível ou representa sofrimento.
Este artigo descreve o transtorno de deficit de atenção sugerindo novas possibilidades. Além de possível apoio medicamentoso homeopático e antroposófico, ambiente confiável e acolhedor, podem conquistar a colaboração durante o tratamento dentário e muito além.
O profissional que se propuser a tratá-las, deve oferecer sugestões e criar novas realidades. Quando os pais chegam exaustos pelos desafios que enfrentam, não têm esperança e não conseguem perceber perspectivas. Vamos ver agora, como podemos mudar essas circunstâncias.
Como conduzir a criança com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) para a cadeira do dentista?
O fenômeno da falta de atenção, de concentração com ou sem agitação é relativamente recente, e se manifesta ou é identificado predominantemente, em algumas sociedades. Os EUA lideram o quadro em temos de quantidade de prescrições de Ritalina, um estimulante de sistema nervoso comumente usado pela psiquiatria nesses quadros, e o Brasil vem a seguir. Na França, o transtorno é praticamente inexistente, por haver uma base cultural distinta e um rigor no diagnóstico.
O mais importante nisso tudo, é que os pais tenham acesso à informação e tomem decisões conscientes. Por isso, será disponibilizado no final deste artigo, links que podem ser úteis nesse sentido.
E qual a proposta para o tratamento dentário de crianças “impossíveis”, que não param, não se concentram, têm dificuldade em aprender e se relacionarem com coleguinhas, pais e professores, que são desafiadoras e podem apresentar agressividade e baixa autoestima?
Mesmo que a criança chegue com um diagnóstico ou hipótese diagnóstica de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade o caso precisa passar por uma escuta atenta e criteriosa do dentista de crianças. A imagem da individualidade da criança a ser tratada precisa surgir na visão do profissional, segundo sua riqueza e particularidade, visando a formação de um vínculo de confiança com a criança.
Em segundo lugar, e não menos importante, os pais devem ser incluídos neste acolhimento de modo a contribuírem em casa e no consultório. O relato cuidadoso de tudo que envolve a criança do ponto de vista familiar, terapêutico e pedagógico, é muito importante para um tratamento individualizado com resultados duradouros.
E quais as ferramentas que seriam um diferencial no tratamento dentário dessas crianças?
O mais comum é nos procurarem pacientes que já percorreram um caminho e encontram-se em sofrimento. Passaram por experiências difíceis e estão sentindo dor. Portanto todas as propostas precisam ser eficazes.
Inicialmente, é necessário eliminar a dor. Muitas crianças não conseguem expressar que estão sentindo dor de dente, e tornam-se agressivas e mais agitadas. Quando eliminamos a dor, recuperamos o bem estar, tranquilidade e confiança rapidamente.
Há pacientes que precisam ser medicados para encontrarem conforto para a realização tranquila do tratamento dentário, pois além do transtorno de deficit de atenção (TDAH) , passaram por situações anteriores difíceis do ponto de vista orgânico ou pessoal. Exemplos seriam os abscessos dentários, sensibilidade por dentes mal formados (amelogênese ou dentinogênese imperfeita), além de dificuldades emocionais de origem diversas.
Através de medicamentos homeopáticos e antroposóficos, naturais, eficientes e seguros, chegamos a resultados que podem ser conferidos em vários relatos no site.
A proposta nesses casos é de extensão dos benefícios conquistados durante o tratamento dentário para a vida da criança e de sua família.
O que, então, podemos enxergar como pano de fundo das naturezas dessas crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e quais atitudes podem fazer a diferença na transformação desses quadros ?
O mais comum é encontrarmos um dos pais que acolhe a sua criança segundo as manifestações de sua individualidade, e outro que não demonstra essa compreensão. No entanto, assim que a verdadeira natureza da criança encontra forma de expressão, ocorre uma harmonização geral.
Todas as crianças esperam encontrar a segurança, compreensão, aprovação e amor dos adultos. A não percepção desses aspectos, pode gerar insegurança, agitação e até mesmo agressividade e desespero em qualquer criança, ainda mais nesses seres sensíveis que são essas crianças com TDAH. Eles percebem tudo com muita rapidez e sagacidade.
Por isso, precisam ser “alimentadas” por uma proposta interessante de vida, em forma de atividades e organização no lar, além do empenho de uma escola sensível às suas potencialidades criativas individuais. Do contrário, podem perder o interesse com a agravação de todo o quadro.
A falta de firmeza e de limites pode ser compreendida como falta de presença e de amor, e a reação delas pode ser em forma de uma atitude arrogante. Portanto, estabelecer limites claros, pode trazer muitos benefícios. Estas crianças são especialmente sensíveis a uma atitude verdadeira e justa.
Nenhuma criança merece sentir-se ameaçada. Ainda mais um ser que por natureza é reativo, sensível e vulnerável, como as crianças com TDAH. As explicações dadas pelo adulto devem trazer segurança e a sensação de que estão sendo consideradas, incluídas e envolvidas.
Ordens e linguagem abusiva, depreciativa, estimulam reações agressivas e violentas. Punições agravam o comportamento, mas as observações com o cuidado de proporcionar entendimento lógico, justo e verdadeiro para a criança devem ser feitas, como referência de limite e do que é certo.
As negociações não podem ser longas e desgastantes. Mantendo a palavra, sendo verdadeiro, coerente e exemplar, pode-se conquistar a confiança da criança. Os elogios são grandes aliados, pois criam parceiros ávidos por participarem dos processos que geraram satisfação pela alegria e amor percebidos dos pais.
Palavra do especialista, o psiquiatra infantil, Dr. Marcelo Friedlaender.
Aprofundando um pouco mais neste tema, o Dr. Marcelo Friedlaender, integrante da equipe terapêutica da Clinica Amai, responderá a algumas questões.
– Dr. Marcelo, quais são os princípios gerais que norteiam o tratamento de uma criança diagnosticada com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade?
– Quando buscamos o diagnóstico de uma criança com TDAH, temos que em primeiro lugar compreender seus limites, mas também, e principalmente, as suas potencialidades criativas, suas aptidões. Todo o direcionamento do tratamento terá a educação e o desenvolvimento dessas potencialidades, dessas capacidades, para a cura.
Outros aspectos significativos que precisam de orientação e apoio profissional especializados, são as circunstâncias que envolvem a vida da criança.
A família que busca a harmonia, com a criação de um ninho de amor em seu lar, cria condições para a transformação dos transtornos de comportamento da criança e tem um poder de influência enorme no resultado.
Igualmente a escola tem um papel importante, no atendimento das necessidades dessa criança “fora dos padrões”, segundo sua potencialidade, num ambiente estimulante e respeitoso com sua individualidade.
Além de medicações homeopática e antroposófica, dando a devida importância a essas variáveis, pode-se alcançar um efeito transformador e progresso da criança sem necessidade de uma medicação psiquiátrica estimulante, tipo Ritalina.
-E qual poderia ser uma proposta pedagógica para as crianças com TDAH?
Há escolas, como as escolas Waldorf, que têm uma metodologia de ensino que proporciona à criança a aplicação de uma pedagogia curativa, que contempla a individualidade da criança.
Todo este plano terapêutico de ajuda deve ser otimizado num círculo de proteção à criança e sua família formado por uma equipe interdisciplinar de profissionais. Esta equipe, como propõe a Clínica Amai, discute e trabalha a partir de pontos de vista diferentes que se integram.
-Dr. Marcelo, qual a diferença entre a abordagem medicamentosa da psiquiatria e de medicinas naturais, como a homeopatia e a medicina antroposófica, no tratamento de TDAH?
A partir de uma visão ampliada, o medicamento é aplicado segundo o ponto de vista de preparo do terreno constitucional, promovendo o amadurecimento do organismo. Assim, ocorre o desenvolvimento das capacidades da criança, se esta é diagnosticada nos primeiros sete anos de vida, antes da troca da dentição de leite. Nessa etapa, o corpo físico está em crescimento e amadurecendo em sua totalidade, para ser capaz de no período seguinte de alfabetização, desenvolver com saúde o pensar.
As medicinas naturais têm este alcance pois trazem a possibilidade da cura dos processos disfuncionais, tanto do sistema nervoso central que espelha, lê os estímulos do ambiente, quanto do metabolismo, que traz o movimento. Nessas crianças, a disfunção se dá pela dominância do movimento sobre a consciência, que não controla esses movimentos, gerando a impulsividade e agitação.
Uma vez que esta proposta seja aplicada, pode-se evitar o uso de anfetaminas, como a Ritalina. O seu uso baseia-se numa medicina de controle do comportamento e implica numa série de efeitos colaterais; Veja os links no final do artigo.
-Dr. Marcelo, e caso meu filho já estiver fazendo uso de Ritalina?
Pode-se iniciar um processo para retirada do medicamento, se assim os pais o desejarem, e novos recursos medicamentosos para tratar a criança ou o jovem podem ser estabelecidos.
Uma vez que os pais decidam por uma mudança de tratamento, diversos fatores devem ser considerados como idade, tipo de problema que o paciente apresenta, tempo de uso e dose da medicação, bem como o modo como é utilizado.
O poder de influência do estimulante no comportamento do paciente é muito forte. Por um lado, traz uma performance melhor, mas por outro lado tem muitos efeitos colaterais. Meu incentivo é que os pais sempre estejam dispostos a reavaliarem seus objetivos, e apoiem propostas que auxiliem os filhos no sentido de um desenvolvimento pleno de liberdade e consciência.
Veja também nossas fontes e artigos sobre Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade:
Contamos nesse artigo com a colaboração do Dr. Marcelo Friedlaender, especialista em psiquiatria geral com área de atuação em psiquiatria de crianças e adolescentes, especialista em homeopatia e com orientação Antroposófica.
Autora: Dra. Carmem Silvia, Dentista de Criança da Clínica Amai
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