Todos vivemos com medo, sentimento que nos acompanha em diferentes graus, a todos os lugares, como uma verdadeira marca da civilização. Quando uma família leva sua criança ao dentista, o medo é mais um acompanhante. Ele pode até parecer invisível num primeiro momento, mas quase sempre mostra sua cara, mais ou menos feroz, através de manifestações como o choro.
Aquilo que é injustamente chamado de pânico, medo de dentista ou medo no tratamento dentário, pode ser percebido de inúmeras formas. Nem sempre de fácil solução, ele pode ser minimizado a partir da consciência de sua natureza.
Nos primeiros sete anos de vida, a criança encontra-se aberta às percepções do ambiente, e capta indistintamente suas qualidades positivas e negativas. Ela está muito suscetível a emoções tais como a raiva, a tristeza e a ansiedade. Perceber seu entorno como hostil nessa fase, pode interferir em seu equilíbrio emocional.
Dos sete aos quatorze anos, pais, familiares e professores, os adultos com os quais ela mais se relaciona, têm uma influência significativa sobre seu ser. É através da presença dos pais em forma de autoridade amorosa, que ela definirá uma imagem do mundo. Esse tipo de autoridade pode ser percebida através de pais que dão a devida atenção aos filhos; usam uma voz com entonação vibrante, e se comunicam com intenção; pontuam os limites com coerência; estabelecem e mantém rotinas; atuam conjuntamente em acordo. Deste modo, a criança pode sentir-se segura e ver a beleza do mundo, através dos comportamentos dos adultos que a cercam e representam sua função organizadora.
Ao invés de cobrarmos bom comportamento, podemos refletir sobre o que esperar como reação de uma criança que vive a insegurança, o nervosismo, a doença, a pressa, a falta de atenção em suas relações domésticas; que é cercada por doença, depressão, irritabilidade, agitação e impaciência; que tem uma rotina desorganizada, sem a autoridade ou presença dos pais. Ela vive sob a tensão de uma ameaça que não consegue dimensionar. A sensação de impotência para resolver essas questões pode fazer com que a criança sinta um medo irracional e desenvolva manias e até mesmo pânico.
A cura de uma alma que encontra-se assustada e na defensiva, é a segurança, a tranqüilidade e a confiança. Cabe a um Odontopediatra tratar os dentes da criança de forma eficaz, sem a pretensão de solucionar questões pessoais que acabam invadindo e tentando desestabilizar as relações neste ambiente.
Construímos, assim, uma relação de confiança com pais e criança. A segurança e a tranquilidade substituem os medos, e desse modo, a criança pode estar de tal forma relaxada que chega até mesmo a dormir durante seu tratamento dentário. Isso tudo poderá acontecer, se os adultos desejarem, em um movimento de superação de sua realidade atual, viver com os filhos um presente de acordo com as lindas cores da infância.
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