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  • Dra. Carmem

Um pouco do Eric

Atualizado: 17 de set. de 2019

O Eric sempre foi um garoto meio complicado: dispersa fácil, parece ter audição seletiva (algo tipo: ouve

só o que quer) e para ajudar tudo isso, ele tem uma constituição robusta, é forte e pesado.

Nos primeiros anos de vida, após os primeiros dentes se desenvolverem, eu tinha que prendê-lo com chave de braço e perna, para que minha esposa pudesse escovar os seus dentes.

Outro detalhe: os dentes da frente eram sobrepostos e, claro, ele acabou com cárie de mamadeira entre eles.

Por toda a dificuldade apresentada, o quadro foi se agravando, de tal maneira que seus dentes frontais estavam com um buraco enorme, lembrando episódios do Tom e Jerry.

A busca

Pela sua rápida dispersão, fica fácil perceber que ele se manter sentado na cadeira, com a boca aberta voluntariamente, seria uma tarefa hercúlea. Precisávamos de uma pessoa que fizesse anestesia geral ou o prendesse.

Acredito que já viram esse quadro em algum lugar, não?

Como temos acesso à odonto da USP, .tentamos uma triagem, e como estava ficando crítico, também procuramos várias clínicas particulares, e o resultado sempre foi o mesmo:

“-Não consigo tratá-lo.”

Como achávamos que conhecíamos o suficiente nosso filho, sabíamos que teria que ser com anestesia geral.

Não tem como negar que o tratamento seria muito dispendioso.

E como não é difícil intuir, vimos que ele precisava de uma atenção especial, pois suspeitávamos de TDAH.

Visando um direcionamento adequado, começamos a nos consultar com uma psicopedagoga, pois, se fosse o caso, poderia nos direcionar de maneira adequada num tratamento.

A fala dele também é atrasada, e seus desenhos são rabiscos sem forma. O adequado para a idade era ao

menos haver identificação, além da forma.

Com as sessões em andamento, não conseguia enquadrá-lo num transtorno específico, pois apresentava diversos pontos em comum com vários, sem, no entanto, dar margem para definir um.

A descoberta

Então, num certo dia, minha esposa trouxe o contato da Amai, mostrando o trabalho da Dra Carmem e sua equipe.

O que me surpreendeu foi a possibilidade de não ter que precisar de anestesia geral. Fiquei pensando: seria isso verdade? Sem anestesia geral?

Afinal, por mais cuidadoso que um anestesista seja, criança é sempre complicado. Pago para ver. Os dentes dele já estavam entrando em estado crítico.

A primeira consulta


Eric desviando seu olhar ano começo.

Primeira consulta paga? Tem como não estranhar essa pré-avaliação?

De qualquer forma, já tomamos nossa decisão e não tem como voltar atrás.

Preenchi a ficha com o histórico conturbado do Eric: “hiper-ativo”, dispersa fácil, evita olho no olho, “ouvido seletivo”… E muitos “não consigo tratar de seu filho sem sedação ” ressoando em minha mente.

O caso do Eric, pode ter vários aspectos semelhantes ao caso de seu filho… Isso é o que me incentivou a escrever esse relato.

Então, tudo preparado, fomos à clínica.

Como era de se esperar, tem alguns brinquedos para a criança se distrair, enquanto aguarda a entrada na sala.

Porém, como é normal também nessas horas, ele não queria se separar de mim. Entraram em cena as assistentes para distraí-lo e eu poder conversar com a doutora. Elas foram bem sucedidas e “escapei” para o escritório.

Num diálogo simples e franco, a doutora demonstrou sincero interesse em conhecer meu filho, escutando as dificuldades que passamos e o que nós já havíamos tentado com ele.

Nesses primeiros momentos, ouvíamos o Eric correndo para lá e para cá na recepção.

Mas perto da metade da consulta, já não conseguia ouvir quase nada, e depois da metade, “ouvia-se” um silêncio que me atormentava.

“-Onde está a criança que você descreveu aqui?” perguntou a Dra. Carmem.

Não consegui responder. Então nos dirigimos ao consultório de atendimento, e o vi sentado tranqüilamente, com a boca aberta, já fazendo a pré-avaliação.



Eric tranquilamente fazendo o exame clínico


Realmente era difícil de acreditar que ele estava com essa boa vontade toda, fazendo a pré-avaliação sozinho na sala com as assistentes.

Resultado: possibilidade de 4 canais, 2 eram confirmados, e várias cáries.

Tínhamos um trabalho duro pela frente.

“Elas operam pequenos milagres”, pensei comigo.

O tratamento

O Eric é forte, robusto e pesado para idade: pesa 5kg a mais que seu irmão 1 ano mais velho.

Para ajudar no tratamento dentário, a Dra. Carmem sugeriu um tratamento Antroposófico, visando melhorar o comportamento do Eric.

Nunca acreditei numa “poção mágica”, mas por que não tentar?



Fizemos a consulta Antroposófica com a doutora, encomendei os remédios e foi fácil perceber que não resolveu todos os problemas. Porém, ninguém disse que resolveria todas as dificuldades dele no momento, mas que ajudaria. E isso aconteceu!

A psicopedagoga comentou que ele estava mais centrado, respondia melhor aos estímulos ao final do tratamento dentário, articulava mais as palavras, começou a imitar seus irmãos nas brincadeiras (não fazia isso), olhar mais nos olhos. Na escola também comentaram que estava mais centrado, respondendo melhor.

Então reparei no seguinte.

A verdade

O preço do tratamento de meu filho, com tantas cáries, não foi baixo. Mas o retorno que se tem, é simplesmente imensurável. Sem contar que não gastei com a sedação.

O tratamento convencional (sedação) , deixa a criança torpe, menos agitada, mas a que custo? Apesar de ter feito “apenas” um tratamento dentário, existe um ganho psicológico muito grande junto, de tal forma, que as mudanças no comportamento da criança foram gritantes.

Acredite na mudança do seu filho, ela é possível. Mas lembre que antes de tudo, NÓS pais devemos dar o exemplo da mudança que desejamos.


Acredite no potencial que você poderá despertar em seu filho e em especial, em você. Acredite no que você poderá realizar para ajudá-lo a tornar-se um adulto feliz e saudável!

Acredite, como eu e minha esposa, no impossível, acredite em mudanças!!

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